Uma viagem do jeitinho que sempre sonhei, com a moto que sempre sonhei e até o parceiro este não imaginava, mais teve um motivo pra ele estar comigo. Um dia, vamos desvobrir qual o motivo.
Vinha na estrada pensando: poxa vida e agora? Se já realizei meu sonho, vou vender a moto e vou durmir, sonhar novamente e......realizar outro sonho.
Sempre temos um sonho, sempre temos uma esperança e sempre temos condições de realizar tudo. ( sou prova disso ).
Na verdade a vida é feita de escolhas e estas, fazem você se confundir na hora que falta só um pouquinho pra coisa acontecer. Aí como sempre digo, o cara tem que ter coragem, tem que saber que escolhendo "A", estará abrindo mão de "B" e assim por diante. Nesta hora tem que estar focado e cabe uma certa frieza, da um frio na barriga.
Longe de mim, querer me gabar e dizer que fizemos a coisa mais difícil dmaio mundo." Era apenas um sonho".
Em um determinado dia, ja na terra do fogo, faltando uns 600 kms para chegar ao Ushuaia, começamos encontrar pessoas de bike, na maioria homens e barbudos.
Mário me perguntou pelo intercomunicador de onde eles viriam?
ao que respondi: do Ushuaia ué, ele relutou a acreditar, realmente uma coisa de doido, mais.....
Eu disse assim a ele: nós dois nestas puta motos de mais de 1000 cilindradas, reclamando de frio e olha ae o que estes caras fazem. Acredito que eles estão em um outro nível, muito superior ao nosso.
Mais a frente uma estrada de Ripio e um ciclista, parei a moto, o cumprimentei e trocamos algumas palavras, ele me disse que era de Buenos Aires e que estava voltando do Ushuaia. Perguntei se precisava de algo e se queria água, ele me agradeceu e disse: só mais uma pergunta? Eu disse claro, já imaginando o que seria.
Falta muito para o asfalto? Eu disse a ele mais ou menos 1 km, Imagina o sorriso deste cara quando se despediu de mim, mais a frente entendi porque. Faltava só 150 kms de estrada de Ripio para chegar a uma estrada asfaltada novamente.
Voltando ao ponto, muitos me perguntaram porque voltaram tão rápido?
Na verdade assim, tudo em uma viagem, tem seus prós e contras em nosso caso mais prós. Por estar só em dois as coisas eram mais fáceis, as decisões mais rápidas e a cumplicidade maior. Porém faltou uma pessoa pra dizer assim: vamos lá vamos conhecer. Ao invés disso preferimos rodar. Sendo assim, rodamos, rodamos e rodamos até chegar.
No primeiro dia, foram 800 kms, dentro da meta da volta.
No segundo dia, conversando Mário falou assim: Ale me fala uma coisa, quantos kms o Junqueira já fez em um dia?
Disse a ele 2000, ele me respondeu: vamos bater o record dele?
Me assustei com aquilo e disse, Mário nos não viemos aqui pra isso, nem estamos preparados pra tal, mais se VC quer rodar, vamos rodar. Assim no segundo dia rodamos 1256 kms.
No terceiro dia 1248, e ele com a mesma conversa, e eu pensando: este Mário é doido.
No quarto dia rodamos até acabar a estrada, continuamos por uma pista muito escura e sem iluminação nenhuma. A nossa sorte é que faltava apenas uns 120 kms pra chegar na fronteira.
Mário disse assim: encha os galões de gasolina pra não passar aperto. E eu pensando na sobrevivência do pneu me recusei, meu pneu estava por um fio. Logo em seguida a luz da reserva acendeu e isso já era umas 23:00 o GPS indicava um posto a 45 kms e outros mais distantes ainda.
Bom daria pra chegar com folga e chegamos, só não contava que estaria fechado.....decepção total, Mário disse assim: vamos arrombar e eu respondi, ta louco agora somos o que? Foras da lei. Kkkkkk
Daria pra andar mais uns 20 ou 30 kms e a coisa foi ficando tensa, eu pensando, vou ficar sem gasolina, mais isso não é nada. O pior é levar comida de rabo.
Depois de uns 20 kms pra minha surpresa o meu celular recebeu uma mensagem que creio que já estava a algum tempo e bingo fizemos umas 5 curvas e demos de cara com um posto, pra nossa surpresa o pessoal já falava português e aí foi só alegria.
Enchi o peito e disse a ele...não falei que dava pra chegar. Kkkkkk acho que aqeke dia tinha me borrado todo.
Abastecidos atravessamos nossa última aduana e entramos no nosso país, que maravilha. Depois de ter rodado 1300 kms, Mário ainda queria mais e como não simpatizamos com a cidade na beira da fronteira rodamos mais 100 kms encerrando o dia em que mais rodamos 1400 kms em 17 horas de estrada.
No último dia, faltavam apenas 900 kms eu marquei a praia pois iria chegar 120 kms antes de casa e fomos embora.
Ao parar em uma barreira de obra na estrada fui olhar o pneu e pra minha surpresa estava na lona. Me assustei pois rodavamos a 150 km/h em média. Estávamos em Guarapuava 200 kms antes de Curitiba.
Entramos na cidade e 2 lugares que paramos pra perguntar já arrumamos pneus para as 2 motos e foram montados consecutivamente. Pneus novos....de volta a estrada e a pior parte ainda foi a Br 116 onde voce está vindo a 140 km/h derrepente um caminhão vai ultrapassar e não quer nem saber, entra com tudo na frente da moto, voce freia espera e arranca novamente, menos de 1 km e começa tudo de novo. E assim cheguei em Itanhaém as 18:00. Puts, la mesmo na estrada me despedi do meu companheiro, meu amigo Milton me esperando....tomamos umas cervejas e derrepente o telefone toca. A mulher me localizou no Spot e exigiu que eu estivesse em casa o mais rápido possível. Não perdi tempo, calcei a bota de novo sem meia mesmo e vim parar em casa, onde todos ficamos eufóricos com a chegada.
Agora....o que nos resta é a lembrança dos dias maravilhosos na estrada, a companhia e a amizade que ficou solidificada ao longo dos dias, a experiência adquirida, e o curriculum com mais uma estrelinha de mais um ano.....Envelhecendo na Estrada.
Ano que vem tem mais.
Let's Ride!!!
